sábado, julho 24, 2004

Serviços públicos

Aconteceu-me no outro dia ter de ir a uma urgência de um hospital. Tentei, como a maioria das pessoas calculo que façam, resolver as coisas dirigindo-me a uma farmácia mas nada feito. Fui encaminhada para o dito hospital, diga-se que ia apreensiva, não sou frequentadora destes espaços e com o que se ouve e vê nos noticiários a vontade de lá ir não era muita.
Para minha surpresa estava particamente vazio tanto drama e afinal isto, pensei eu. Fui atendida e, depois de pagar a taxa moderadora, lá me encaminharam para o serviço de oftalmologia. Depois de esperar numa sala durante 20 minutos fui chamada, de novo fiquei surpreendida, caramba que o serviço público funciona bem, pensei eu.
Uma vez lá dentro sou atendida por uma médica espanhola muito mal encarada, razão pela qual resolvi escrever sobre este assunto diga-se. Ora pergunto eu: que culpa têm os doentes que os médicos que ali trabalham estejam sujeitos a passar o dia num gabinete sem janelas, pequeno e com pouca luz? Será essa razão válida para que a médica tenha sido de uma enorme antipatia comigo? Estive para lhe perguntar se sofria de algum problema de socialização dado estar deslocada do seu país mas depois achei melhor não porque não se trata do facto de ela ser espanhola. De facto como ela há muitos médicos que sofrem de uma falta de sentido de humanidade que me choca profundamente.
Choca-me o não entenderem que quando estamos no papel de doentes somos todos muito mais frágeis. Qual de nós não esteve já nessa posição e não sentiu um aperto no estômago quando viu aquele senhor de bata branca que nos inspecciona sem nada dizer e no fim preenche um papel com o nome de um remédio qualquer, que só mesmo o farmacêutico consegue decifrar, e depois nos manda embora dizendo "pronto, tome isto duas vezes por dia". Pergunto-me em que parte do trajecto universitário terão ficado assim...onde será que ficou o sorriso e a capacidade de compaixão de alguns destes profissionais da medicina? Será possível que se tenham esquecido que acima de salvar vidas (que dão sempre episódios tão heróicos para se contar ao jantar em família) também ali estão para confortar almas? Não sei, mas o que é facto é que alguns (deixem-me pensar que muitos) são bons profissionais e estão sempre prontos a esboçar um sorriso ou a dar-nos uma palavra de conforto quando mais precisamos. A esses os meus parabéns!

terça-feira, julho 20, 2004

Medo de mudar!

  Dotar as autarquias de meios para afectar àreas à REN e RAN, parece-me um mal menor, são o poder mais próximo da realidade espacial do pais.
  É verdade que muitos dos objectos que compõem a nossa paisagem, como as bacias hidrográficas, teriam de ser pensados pelas autarquias por eles abrangidos. E quanto às zonas declivosas, tal como previstas na REN e RAN e com o texto actual, poderiam ser facilmente estendidas ás barreiras das auto-estradas, e quais os valores ecológicos e agrícolas que ai devem ser protegidos? Quanto muito valores de segurança!
  A verdade é que é impossivel tipificar situações territoriais que devem ser protegidas a partir de Lisboa e olhando para uns mapas e consultando uns especialistas. As autarquias têm de assumir o desafio e serem dotadas de técnicos especializados que identifiquem as situações a proteger, que sejam eles a ditar quais as zonas de cheia ou de elevada erosão, impossibiltando a sua urbanização. Toda esta informação deve estar resumida no PDF, o regime imobiliário deverá ser modificado, as autarquias devem planear as zonas a edificar consoante as necessidades de evolução da mesma, acabando de vez com a especulação imobiliária, que não permite uma mobilidade de imóveis a preços convidativos e que resultam no abandono de terras agricolas, falta de investimento em terrenos florestais e que obrigam as pessoas a procurarem as "periferias das periferias" das cidades para habitarem . Os proprietários ficam muitas vezes espectantes por fazerem valer as mais valias resultantes do seu terreno ser considerado urbanizável e nada fazem dele, sem ser deixar crescer mato, que tão bem arde por esta altura do ano. Talvez por sermos uma sociedade demasiado urbana esquecemos o resto de Portugal que veria beneficios com algumas destas medidas propostas: fogos florestais, o abandono do interior do pais, jovens nas cidades,... 
  Esta é uma questão que deve ser supra-partidária, é algo que tem implicações no futuro do nosso pais e que deve ser concensual.
  Não tenham medo de mudar, porque tal como está definitivamente não estamos bem!