quarta-feira, março 15, 2006

Um país de aparências

Há duas situações que ultimamente me têm preocupado e sobre as quais não posso deixar de me manifestar.
Em primeiro lugar o nosso sistema de ensino. Quando eu andava a estudar era certo e sabido que só passava de ano quem tinha nota para isso. Hoje em dia, um professor que dê uma negativa a um aluno tem de justificar perante os seus pares o motivo de tal acção (que tal o aluno não sabe o suficiente?!). Hoje os meninos não podem ter demasiados trabalhos de casa porque se cansam, não podem ser expulsos de uma escola e raramente são suspensos. Assistindo-se com isto a um cada vez maior número de casos de desobediência e mesmo violência destes alunos sobre os docentes e funcionários. Os pais demitiram-se do seu papel de educadores relegando para a escola uma responsabilidade que não lhe é inteiramente devida...Já diz o ditado "casa de pais, escola de filhos". Isto porque no fundo o que interessa são os números...os números de alunos que passam de ano, para depois poderem figurar nas estatísticas (tão convenientemente utilizadas quando é preciso manter as aparências)...mas, mais uma vez o ditado popular aplica-se e neste caso "as aparências iludem". Independentemente dos números, a realidade é que somos um país onde a educação está a ficar cada vez mais para trás comparado com o resto da Europa...isto sem fazer sequer uma comparação com a Finlâdia (ouvi dizer que está na moda!). Uma forma de melhorar o nosso sistema não passa por tentar copiar outros sistemas mas sim por aplicar rigor e discilplina na forma como são leccionadas as matérias, acabar de vez com as contínias e sucessivas reformas, fornecer aos professores o poder de que devem dispor para educar e responsabilizar os pais e os alunos e responsabilizar também os professores.

De novo nos números, falemos agora dos concursos para estágios da função pública. Parece-me a mim que mais do que reduzir o número de desempregados, é importante garantir que o critério de selecção para estes estágios seja o mérito próprio de quem se candidata. Mas mais uma vez os números....como vai ficar bem anunciar que em 2006 Portugal reduziu a taxa de desemprego. Essa taxa de desemprego seria reduzida se estes estágios fossem para depois serem integrados nos quadros...Mais uma vez tudo aparências!