terça-feira, julho 20, 2004

Medo de mudar!

  Dotar as autarquias de meios para afectar àreas à REN e RAN, parece-me um mal menor, são o poder mais próximo da realidade espacial do pais.
  É verdade que muitos dos objectos que compõem a nossa paisagem, como as bacias hidrográficas, teriam de ser pensados pelas autarquias por eles abrangidos. E quanto às zonas declivosas, tal como previstas na REN e RAN e com o texto actual, poderiam ser facilmente estendidas ás barreiras das auto-estradas, e quais os valores ecológicos e agrícolas que ai devem ser protegidos? Quanto muito valores de segurança!
  A verdade é que é impossivel tipificar situações territoriais que devem ser protegidas a partir de Lisboa e olhando para uns mapas e consultando uns especialistas. As autarquias têm de assumir o desafio e serem dotadas de técnicos especializados que identifiquem as situações a proteger, que sejam eles a ditar quais as zonas de cheia ou de elevada erosão, impossibiltando a sua urbanização. Toda esta informação deve estar resumida no PDF, o regime imobiliário deverá ser modificado, as autarquias devem planear as zonas a edificar consoante as necessidades de evolução da mesma, acabando de vez com a especulação imobiliária, que não permite uma mobilidade de imóveis a preços convidativos e que resultam no abandono de terras agricolas, falta de investimento em terrenos florestais e que obrigam as pessoas a procurarem as "periferias das periferias" das cidades para habitarem . Os proprietários ficam muitas vezes espectantes por fazerem valer as mais valias resultantes do seu terreno ser considerado urbanizável e nada fazem dele, sem ser deixar crescer mato, que tão bem arde por esta altura do ano. Talvez por sermos uma sociedade demasiado urbana esquecemos o resto de Portugal que veria beneficios com algumas destas medidas propostas: fogos florestais, o abandono do interior do pais, jovens nas cidades,... 
  Esta é uma questão que deve ser supra-partidária, é algo que tem implicações no futuro do nosso pais e que deve ser concensual.
  Não tenham medo de mudar, porque tal como está definitivamente não estamos bem!